2 de maio de 2006

Meu caminho


Andei incansável
Cortando desertos
Em plena madrugada
E acompanhei da margem, reverente
O passeio obstinado dos rios

Assisti em silêncio
O anoitecer da vida em plena manhã
Sem tempo de pedir perdão
Aos meus entes queridos
Por deixá-los partir

Escutei estrelas
E sorri com elas muitas vezes
Em minhas noites escuras
Noutras, apenas pressenti seu riso
Iluminando vazios distantes

Mas foi a rua deserta
Que me abriu as portas
E convidou-me a ser livre

Foram meus pés descalços
Que engoliram as medidas da estrada
E desenharam o caminho

Foram meus olhos apenas
Que nos momentos mais críticos
Em profundo silêncio falaram por mim.

Nenhum comentário: