18 de abril de 2006

A certa hora (ou A morte)

Quando chegar, a morte
Que chegue de mansinho
Altas horas da noite, em meio ao sono alto
Para que não espante os pouquíssimos sonhos
Que me restaram da infância...

Quando chegar, a morte
Que chegue de surpresa
Andando na ponta dos pés, a passos silenciosos
Para que não haja tempo de ser anunciada
Ou mesmo pressentida...

Quando chegar, a morte
Que seja companheira
Que me embale os sonhos, amanheça comigo
Para que eu não sinta falta dos anos que me escaparam
Desde que nasci...
Quando chegar, a morte
Que me encontre inteira
Sem maldizer as perdas, as dores, ou mesmo a vida
Para que eu saiba ser grata por tudo que experimentei
Antes da partida...

3 comentários:

Anônimo disse...

ótimo!

.
.
.

bj
edu

nunca mais passou para remexer as gavetas...

Anônimo disse...

O problema surge quando nós sentimos "...falta dos anos que me escaparam". Não existe volta e o futuro por vezes também não!

Yvette Maria Moura. disse...

edu,
remexer gavetas é um processo doloroso, às vezes...
mas necessário.
me aguarde!
bj.

caro(a) leitor(a),
o futuro sempre existe, independente da nossa vontade.
O problema é que nem sempre nos permitimos ao óbvio:
deixar o passado passar.
Um abraço.