Então foi de paixão e de sorrisos que bordei aqueles dias, como faziam as moçoilas à espera de um amado. Foi de madrugadas e de orvalho, de abraços calorosos e chuvas intermináveis. O céu pintando-se de arco-íris quando o sol aparecia... Foi só por que usei toda a beleza que guardara em meus segredos, aqueles anos todos, que deixei fluir como água morna o amor que em mim amanheceu contigo. O coração descobrindo-se nascente de águas claras e borbulhantes... Foi por que te vi, de repente, brilho nos olhos, a me abraçar com sorrisos e canções, como se fossem verdes ainda os nossos meios anos. E era como se bebesse água pura da fonte depois de longa caminhada o que sentias... Só porque te vi assim é que achei que viver valia mesmo a pena. Que o amor era um sentimento que existia além dos livros. E que a felicidade era fato que estava mesmo ali a poucos metros das minhas mãos... Foi o que me veio à mente essa manhã, quando encontrei as velhas fotografias amarelecidas que um dia tiramos de nós dois sob clima de intensa paixão. Foi só por isso, então, lembrando do quanto nos amamos, que permiti que o passado passasse. Que deixei que ficasse tudo lá atrás, onde a traça não rói e a água não molha, nem o fogo queima, ou a borracha apaga o que foi vivido... Foi assim mesmo que comecei essa manhã, sem lágrimas nos olhos, nem despedidas, mas um fogo calmo a me correr por dentro e a aquecer meu coração. E essa certeza mansa, que agora renasce, de que o amor é mesmo a aceitação do outro. Quer ele venha quente, ou doce, ou feito a chama de uma vela – tremulante –, ou intenso, ou que não venha mais. Que o amor é mesmo o que torna a vida eterna, as relações perenes. Sejam elas felizes, constantes ou espaçadas, complicadas ou não, ou que sejam mais... Que o amor é ainda o elo que une os seres, embora seja calmo feito água branda a escorrer de um rio, fluído e resignado, a caminho do mar. Que embora estreite e depois se alargue, o rio ganha força no curso do seu leito e não deseja outro caminho pra trilhar... Que é o mesmo sentimento esse que nos anima a alma, sem o fogo fato da paixão – que tem tempo de vida pré-determinado –, mas pode evoluir para a eternidade. @ para Maria Helena, que tem me ensinado que a vida é uma longa estrada feita de encontros e passagens... E para Carlos Nealdo dos Santos, que tem me levado a experienciar as nuances várias do amor. |
11 de janeiro de 2006
Fogo fato
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3 comentários:
Exatamente por isso, pela vida ser feita de passagens e encontros: passei e te encontrei nas tuas letras. Mas a vida também é feita de pressas e compromisssos (argh). Volto outra hora. Sem pressa. Com a antena da delicadeza e da atenção. Do pouco que vi e li, acho que não me arrependerei. té + Marcos (http://mslppardim.blog.uol.com.br)
Encontrei a Neruda do Brasil!
Muuuuiiiitoo bom,
abraços,
Ás
lindo texto. mesmo.
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beijo
edu
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