24 de outubro de 2005

Guerreiro

para não sobrarem espaços
entre mim e esse tempo
agora
(que me convida a existir)
é que solto o meu grito
guerreiro
ainda uma vez.
danço com as sombras do fogo
no recôndito da alma.
dou voltas do alto
feito águia à espreita da presa.
desenho formas de água
e sigo
pelo chão estreito.
percorro o caminho
mesmo sobre pedras
deglutindo o remédio amargo
que me é dado engolir...
queimam-se os meus dedos.
sofrem meus olhos
com a claridade excessiva.
dissolvo-me em gotas,
latejante.
já não sinto dor.
não me ferem a luz
nem a escuridão...
viver é bom.
por isso dou vivas
ao momento agora.
reverencio a dor
com respeito e esperança,
desejando a calmaria.
solto os cabelos ao vento
e sorrio,
prenhe de força e mistério.
trago a alegria de contar comigo,
a despeito de tudo,
ainda uma vez.

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