18 de junho de 2008

Desejos vãos

(foto de Yvette Moura)

Eu queria ser o Mar de altivo porte

Que ri e canta, a vastidão imensa!

Eu queria ser a Pedra que não pensa,

A pedra do caminho, rude e forte!


Eu queria ser o Sol, a luz intensa,

O bem do que é humilde e não tem sorte!

Eu queria ser a Árvore tosca e tensa

Que ri do mundo vão e até da morte!


Mas o Mar também chora de tristeza...

As árvores também, como quem reza,

Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!


E o Sol, altivo e forte, ao fim de um dia,

Tem lágrimas de sangue na agonia!

E as Pedras... essas... pisa-as toda a gente!...


Florbela Espanca.

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