5 de outubro de 2006

Emaranhadas

Uma saudade... É do tempo em que andávamos juntos? Ou é do que perdemos, lá atrás? Vem de mim ou é de ti essa ausência que chega sem ser convidada? A vida sendo escrita e esquecida a cada virar de página – como se fora um carretel que se desfaz em linhas emaranhadas... Onde o bordado que fiz com os sonhos que tecemos tempos atrás? Nós sonhamos juntos ou era eu que sonhava acordada? A vida passou que eu nem vi! Quando abri os olhos já não estavas aqui, nem sonhavas ao meu lado os teus sonhos pueris. Foste tu ou eu que não cresci? O branco dos anos já nos emoldura a face, sombreando em tons de cinza as marcas que não se apagam mais. Foste tu ou eu que envelheci? As perguntas vão ficando pelo chão, atrás de nossas pegadas; viram musgo, lodo, até se confundirem com a calçada. De sorte que as flores logo, logo vão brotar, fazendo esquecer as sementes que não vingaram... Até o dia em que tenhamos que voltar. E devolver tudo que amealhamos por aqui: o que foi construído, o que deixou de ser realizado e o que não conseguimos completar – como os sonhos que deixamos espalhados lá atrás... Daqui, levaremos apenas os sorrisos, que iluminarmos no rosto de alguém; as lágrimas, que enxugarmos em alguma face; a esperança, que fizermos nascer em lugar do desalento; e o amor, que semearmos em corações endurecidos... Apenas o Bem é que haveremos de levar – corpo nu em solitária jornada. E nos despediremos da vida, ainda seguindo viagem, para além mais...

Um comentário:

Anônimo disse...

É impressão minha ou são dois textos em um?
Bjo!