23 de dezembro de 2005

Pétalas de sangue


E o silêncio tomou conta de mim
mais uma vez.
Nasceu de um susto.
Desses que se toma de repente.
E uma mudez involuntária me envolveu premente,
silenciando o meu pobre coração doente...
Mas amar traz um desejo bom de transcender, de ser alguém melhor do que o mundo nos permite ser.
Faz tudo em volta ficar muito mais bonito, realmente.
E o amador enxerga sob um prisma diferente.
O ar mais leve, respira-se melhor. Melhor se vive, então.
Só o invejoso não divisa mais que escuridão.
Assim como o que mente age
sempre em função do próprio medo.
Escória voluntária, que
em nada muda a realidade divina do amor
- Que traz a nós o que o mundo tem de melhor;
Que faz de amar a prática mais perfeita
de entregarmos o melhor que há em nós
como resposta ao que recebemos do mundo.
Então, mesmo que o silêncio me tenha tomado assim,
de assalto,
e eu tenha andado esses dias feito um peregrino,
a esmo,
meu Deus interno me segreda ao ouvido sabiamente:
"Ama filho, com intensidade e sem pudor algum,
semeia flores por onde quer que passes;
E segue sempre confiante e firme,
até o fim.
Mesmo que teus pés, feridos, um dia tombem
junto às pétalas que coloriste com teu próprio sangue".

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